Dia de chumbo
Cansada de escrever, fui até a janela olhar a rua. Uma chuva
fina caía. Há dias o céu está como chumbo.
Queria um dia de sol tépido-não suportaria o sol escaldante
do verão. Ouviria pássaros. Invejo as aves, parecem volúveis.
A rua, quase deserta, me dá sensação estranha, lembra ficção
científica. Onde estarão todos? É domingo.
Eu o vejo surgir no meu espaço visual, está com um suéter
amarelo, comprado numa das viagens.
Espero que olhe para cima com o coração disparado. Ele não
olha, entra na livraria em frente ao meu prédio. Penso descer, forçar um
encontro. Mas, se não der tempo? Teria que me vestir, estou com roupa de
dormir. Não sei vestir um casaco e sair. Talvez desse tempo, mas eu o perderia
de vista. Decido esperar, olhos fixos na porta da loja.
Ele sai, traz agora um pacote nas mãos, tem um meio sorriso
nos lábios, com certeza foi algo que disse para a moça do balcão que o fez
sorrir. Tenho inveja da moça do balcão. Uma tristeza maior me abate. Será que
não lembrará de mim?
Abro a janela, quero ficar mais visível. Segundos depois,
ele me vê. Ele não sorri. Dá apenas um adeus.
Volto e me jogo no sofá chorando. O telefone toca. É ele.
Mal consigo falar.
Ele diz: “Venha ver os livros que comprei, um deles é para
você”.
5 comentários:
Lindo (...)
Assim como todos os outros minicontos , estou apaixonada pelos seus escritos,sempre maravilhosos .
te achei por acaso e que acaso maravilhoso diga-se de passagem.
Beijos ,
espero anciosamente por mas um Miniconto.
Obrigada, Karen, fico feliz, sinal q tem afinidades comigo. Volte sempre.
Aqui encontrará mtos dos meus contos:
http://lauravive.blogspot.com/search/label/Mini%20conto
Abs, Laura
Elianne, você é incrível! Tenho orgulho de fazer parte do seu círculo de amizade, mesmo que distante e com tão pouco contato. Bjssssss
Tão bom ler outras pessoas falando da gente... E fiquei curiosa: que livro será que ele comprou pra ela?
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