Aos domingos, na praia, catava pedrinhas. Preferia as transparentes.
Naquele dia, um homem se aproximou e lhe deu uma pedra escura. Gostou do rosto.
Seguiram pela areia lambida. Despediram- se com um “até domingo”. Ela sentiu- se diferente. Há muito não falava com homens.
Esperou ansiosa o fim de semana. Da calçada, viu o homem à beira- mar. Foi em sua direção, vacilante. Seguiram caminhando e pegando as pedras. Falavam pouco, ela desacostumada, ele só dizia o essencial.
No terceiro domingo, ele entrou em sua casa. Ela sabia o que viria.
Amaram-se no chão da sala.
Enquanto ele se vestia, pegou um copo de conhaque, colocou as mais belas pedrinhas dentro. Entregou- lhe. Ele não agradeceu, apenas a fitou com olhos surpresos.
Ao se despedirem, ele disse: “Até mais”. Sentiu-se estranha. Intuiu algo. Mas, e se ele voltasse à noite?
Nada sabia dele, nem o nome.
No domingo seguinte, esperou-o até a maresia envolvê-la e sentir frio.
Não se importa mais com as pedras, às vezes curva-se, pega uma, a observa na mão, então a devolve para o mar.
Talvez no próximo verão...
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