Olha o
céu chumbo. Não venta. Mormaço.
Estica
com as mãos as roupas recém penduradas. Pássaros voam grunhindo.
Na cozinha, desliga o fogão- o arroz cozinhará sozinho- tem receio de esquecer a chama acesa.
Na cozinha, desliga o fogão- o arroz cozinhará sozinho- tem receio de esquecer a chama acesa.
Atravessa
a sala, observando coisas fora do lugar.
Varre
a varanda. Molha as plantas. A água da mangueira respinga nas pernas e vestido. Enrola a bainha molhada e prende no elástico da calcinha. Joga água nos pés
descalços.
Olha em
torno- não há ninguém.
Sente
frio, despe-se e entra no chuveiro quente. Lava com prazer os cabelos.
A
chuva nas janelas a faz lembrar da roupa estendida. Corre, enrolada na toalha, para o quintal.
Puxa
com força as roupas quase secas. Grampos alçam voo.
Sente
frio.
Um comentário:
Lindo! A imagem dos grampos saltando pelo ar me tocou. Por que será? Os algozes que mantinham prisioneiras as roupas, de repente alçam vôo. Talvez isso: a liberdade.
Cristina
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