Suíte I
Ficou encantada ao ver-se no espelho com o vestido da patroa.
Dançou pela suíte, rodopiou.
Com a tesoura fez pequenos cortes nas roupas penduradas.
Ao bater a porta sabia que não haveria retorno.
A cela é fria, úmida, tem cheiro acre. O corpo está impregnado. As paredes narram histórias. É preciso contar os dias, não se perder, rezar- rezar para limpar a alma e esquecer.
É a primeira vez que fica só, vivia cercada no barraco. O marido sempre grudado, aquele pau duro nas coxas, na bunda, buscando caminho. Livrou-se da força daquelas mãos puxando-a, torcendo seus braços que amanheciam roxos.
Agora descobre um corpo que não conhecia, sem desejo, sem ódio.
Quando sair dali estará livre para viver.
Um dia, sabia, o mataria, fingiria gozar, quando ele estivesse de costas enfiaria uma faca com força em suas costas.
Desta vez teria o prazer de ver os seus olhos suplicarem.
PS: Ainda vou mexer neste conto, nunca acabam...
Publicado antes em 24/10/10
quarta-feira, 17 de dezembro de 2014
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