domingo, 28 de fevereiro de 2010
Miniconto VI- Erótico-Semidesperta
O calor sobe pelas pernas preguiçosas. Poderia abrí-las oferecendo-se ao sol. Retrai-se.
Abria-se antes, ao toque quente das mãos dele.
quarta-feira, 24 de fevereiro de 2010
Miniconto IV- A cigarra e o pastis

A cabeça pesa sobre a nuca dolorida. Há quanto o corpo é presença constante? A leveza é conquistada.
Ao entardecer, a cigarra a irrita- sirene intermitente. As frágeis asas sustentam o grito ensurdecedor.
Na grama, ainda tépida, o gato se espreguiça. Tenta prendê-lo com as pernas em tesoura. Arranha sua pele. Foge. Ela o chama. Nada.
Na sala, o copo de cristal com o sabor refrescante do anis. Leveza fugaz.
Já é noite.
terça-feira, 23 de fevereiro de 2010
Miniconto II- Uma mulher
Para de trabalhar. O pescoço dói. Há horas naquela máquina. Vira a cabeça de um lado para o outro, sente a articulação áspera.
No banho, com a calcinha ensaboada, esfrega o corpo. Sente o cheiro do sabonete no algodão morno. Lembra o paninho de banho da infância. Esfrega, mais ainda, a barriga, como se acreditasse purificar-se.
Desde menina odeia o ventre, sente culpa. Odeia odiar-se.
Sai do banho, olha o rosto no pequeno espelho. Há anos, vê apenas o rosto. Sorri diante dele- é do sorriso que ele gostava. Por um instante pensou vê-lo naquela imagem fundida.
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segunda-feira, 22 de fevereiro de 2010
Mini conto I- Um anoitecer

Acorda, ouve os ruídos. Pensa no dia que começa. Não, que termina, lembrou.
Tomou um banho frio, deitou, sentia sono- despertou horas depois. A casa em silêncio. Olhou a fresta no chão da porta- escuro. Haveria alguém ali? Semidesperta tenta identificar sons mais distantes.
O cão late rompendo a lassidão do entardecer. Permanece na cama. Com a mão, ainda dormente, toca os seios, o plexo- reza. Com voz débil suplica forças divinas. Nela, não as encontra.
Tomou um banho frio, deitou, sentia sono- despertou horas depois. A casa em silêncio. Olhou a fresta no chão da porta- escuro. Haveria alguém ali? Semidesperta tenta identificar sons mais distantes.
O cão late rompendo a lassidão do entardecer. Permanece na cama. Com a mão, ainda dormente, toca os seios, o plexo- reza. Com voz débil suplica forças divinas. Nela, não as encontra.
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