Não sabe o porquê da inquietude. A mãe dizia: “Esta é lenta, não queria
nem nascer. Anda Inês!”. Odeia o nome. “Pior se fosse Sebastiana”,
retrucava a mãe. Nasceu no dia da mártir, tivesse nascido antes, teria o
nome derivado do santo.
Quase menina, foi trabalhar no corte da cana. Lá conheceu Sebastião.
Ironia, pensou. Ele era pouco mais velho e tinha olhos cor de amêndoas.
Encabulou-se no primeiro encontro- ele a despiu com o olhar. Voltou para
casa coberta de fuligem e atordoada. Mirou-se no espelho sobre a pia da
cozinha. Tirou-o da parede, tentou ver o resto do corpo- “mais ossos
que carne”, pensou.
Os irmãos brincavam no terreiro. No banho tocou o sexo. Apressada
esfregou-o até um arrepio. Sabia que agora era mulher- os olhos dele o
disseram.
...
Anoitece. Observa a duna- lembra da areia morna, a perna úmida de sêmen,
o corpo de Sebastião sobre o dela. Tenta enxergar mais longe. Não, ele
não virá. Melhor entrar e fazer a janta para os netos.