domingo, 17 de outubro de 2010
Mini conto: Ruídos internos
Magritte aqui
Ruídos internos
Ela diz para si num murmúrio:
"Estou exausta, quando terei trégua?"
Enxuga as lágrimas na manga, enquanto torce mais uma camisa.
Lá fora as crianças riem, correm pela grama. Um deles a vê na janela e grita: Mãe...
Chora, mais ainda, ao ver o menino sorrindo, esperando seu aceno.
Larga a roupa no tanque e volta para o fogão, enxuga as mãos frias na roupa. Abre a tampa quente da panela sem proteção. Deixa-se queimar. Uma dor real a traria de volta, pensa. O filho parece tão longe dela, tão improvável como quando dizia: "Jamais terei filhos, quero liberdade".
Desliga o fogo antes que o feijão queime, logo o menino abrirá a porta aos gritos:
- Mãe, estou com fome, faça o prato pra mim.
Ela sorrirá beijando a bochecha suada e com cheiro de moleque.
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Um comentário:
Vim OUVIR esses RUÍDOS INTERNOS...
Táo sofrida que nem gritou...
Um beijo.
(É bom ver esse CABEÇALHO !)
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