segunda-feira, 9 de maio de 2011

Um amanhecer





A xícara não estava na mesa como eu deixara na véspera. Sabia que ele havia acordado mais cedo e voltado para o quarto. Faz isto quando está aborrecido e não quer me ver.
Sinto alívio. Não precisarei dar o bom dia antes do meu desjejum. Gosto de ficar em silêncio ao despertar. Odeio quando dormimos juntos e ele me desperta encostando o pênis nas minhas costas, arfando.
Não desejo nada além de lembrar meus sonhos. Desconfio que me ajudem a viver melhor. Gosto de anotá-los.
Acabo de tomar o café, sigo para a frente da casa- o cão me aguarda. Troco a água do bicho, molho as plantinhas- tenho poucas, eu mesma, aos poucos, vou dando forma ao jardim.
Passava de dez horas quando o vi me espreitando da sala. Digo: “Bom dia!” Responde com um aceno.
Sei que teremos um dia longo e silencioso.

Nenhum comentário: