sexta-feira, 24 de junho de 2011

A jardineira de gerânios/revisto por mim


A jardineira de gerânios


Eram amantes. Todo fim de tarde ele vinha, trazia um chocolate, uma flor, algo de que ela gostasse. Amavam-se até a hora marcada, já estavam acostumados às despedidas, tudo fluía com serenidade.
A mulher, cansada com seu descaso, pediu o divórcio. Ele refutou. Ela não cedeu.
Assustado, sentiu-se inseguro: aquela foi a mulher com quem casou há trinta anos, foi a primeira paixão.
A amante o esperava, estranhava as desculpas. Quando vinha, ficava calado, sentado como visita. Passou a ter um olhar inquisitivo que ela desconhecia.
Ele pensava no quanto ela envelhecera nestes dezessete anos, estranhava suas palavras simples, seus gestos espontâneos.
Ela, adivinhando o abandono, começou a se fechar. Arranjou uma licença médica.
Um dia, tirou a jardineira da varanda e trancou as janelas: as flores estavam murchas.

Um comentário:

Vênus disse...

olá...adorei! Muitas pessoas não tem coragem de tirar os gerânios da janela e vivem assim...sem cor! Bj