quinta-feira, 25 de agosto de 2011

Mini conto: Zampanô- Arquivo



Zampanô



Abre a porta. Está escuro.
- Zampanô, Zampanô...
Acende a luz, o cão sai correndo, desliza pelo assoalho.
- Zampa, que dia hoje. Ufa!... Precisava ver. O ônibus cheio, abafado, o trânsito engarrafado. Gente com cada cheiro...
Ele pula- desta vez em suas pernas.
- Calma, calma, senão vai desfiar minha meia.
Tira primeiro os sapatos, depois a meia calça preta- só usa esta cor- e a saia, por fim, a blusa de frio. Continua com uma camiseta de algodão e a calcinha.
Vamos lá, vou te dar comida.
Liga a TV, passa uma novela. Diverte-se fazendo críticas azedas:
- Zampa, esta mulher é insuportável, se você visse concordaria comigo.
Requenta a comida. Deita-se no sofá. A louça fica para amanhã, o banho fica para amanhã, a roupa jogada no tapete juntará amanhã.
- Zampa, hoje não vamos passear, não consigo, meu amigo...
O cão abana o rabo, enquanto uma mão magra alisa seu corpo.

Publicada antes em 10/09/10

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